15º postal – Alfabetos

Escrito por 21.11.17

Armênia 2014

Não há acordo sobre a quantidade de línguas que se fala no mundo. Uns dizem que existem 6 mil delas, outros – que 7 mil. Esta diferença aparece porque não existem nenhumas regras rigorosas e universais que deixassem distinguir precisamente uma língua própria de um dialecto. Aliás, elas não podem existir – a linguística não é uma ciência assim como por exemplo a matemática. Trata-se de um “organismo vivo” que se desenvolve constantemente e muda-se muitas vezes de uma maneira difícil de prever.

A coisa mais fácil é contar alfabetos. No entanto, deve-se lembrar que a palavra “alfabeto” significa menos do que nós normalmente expectamos. O alfabeto é um sistema de escrita, que usa letras para marcar – mais ou menos – os mínimos segmentos de uma palavra. Neste sentido escrita ideográfica ou escrita silábica não são alfabetos. Mas, mesmo que queiramos contar todas das maneiras de apresentar um discurso num papel, também isso seria mais fácil do que fazer o mesmo com línguas.

O alfabeto arménio foi idealizado no século V e parece como padrões de roupas ou vermes pequeninos, que estão a ir a direções diferentes. Para alguém que o vê pela primeira vez ele é difícil para memorizar. Felizmente ás vezes alguns textos arménios são traduzidos por outro alfabeto.

Como escrever um texto com jeito? – uma receita

Escrito por 16.11.17
Muitas vezes ouço como os meus alunos dizem: “Esqueça! Não vou escrever nenhum texto. Não tenho jeito para isso.” – e nunca sei se eles realmente pensam desta maneira, se talvez sejam preguiçosos por natureza. Em ambos os casos pode-se dizer que é o jeito deles, mas ambos são também diferentes um do outro. Num primeiro caso trabalha-se com o aluno para ele confiar em si. Num segundo caso é difícil fazer qualquer coisa – quando alguém tem o jeito assim, não vai escrever nada. Vai sempre repetir: „Este assunto é uma chatice! Não me faz jeito escrever coisas tão aborrecidas!”

A verdade é que escrever é como correr, cortar o cabelo, conduzir, programar, cozinhar. Ao início deve-se saber um pouco. Contudo depois, para fazê-lo bem, tem de se praticar tanto quanto possível. Logo se vê, que quanto mais regularmente se escreve, mais regularmente as palavras necessárias estão a jeito.

Para escrever um texto com jeito basta:
  1. Pensar bem sobre o assunto e dar um jeito aos pensamentos, para criar um primeiro  – já arrumado – conspecto do texto.
  2. Ter jeito com cada uma das frases. Ter cuidado com o que se escreve ajuda nem só estar mais preciso no que se está a fazer, mas também aprender mais rapidamente como combinar as palavras.
  3. Depois escrever – olhar por todo o jeito do texto. Às vezes é mais fácil modificar o feitio da escritura quando esta já está feita desde o início até ao fim.


E lembre-se:
  1. Não se esqueça ter a sua caneta e uma folha de papel sempre a jeito.
  2. Trabalha constantemente, mas não pense que num instante alguém, depois ler o seu texto, vai gritar com admiração: Este texto é ao jeito de (aqui insere o nome de qualquer escritor grande)! Não tem importância nenhuma ser semelhante a outra pessoa. O mais importante é ter o seu próprio estilo.
  3. Cada um de nós tem dias melhores e dias piores. Portanto tal como atlets que às vezes dão um jeito á alguma parte do corpo porque estão cansados, um escritor – ás vezes também – escreve um texto que não tem jeito
  4. Não tenha medo dizer: „Este assunto não me dá jeito!”. Não tudo pode ser conveniente para todos.
  5. Pode-se escrever vários tipos dos textos. Por exemplo aqueles que servem em jeito de desculpa, agradecimento, fazer desejos, etc. Não se esqueça sobre esta variedade!

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Agora tenho que pedir vocês para fazerem-me um jeito e escreverem mais exemplos dos expressões ou maneiras de usar a palavra “jeito”!

14º postal – Salkantay trek

Escrito por 12.11.17

Peru 2016

Machu Picchu é um dos símbolos da America do Sul – quase todos que decidam visitar este continente pensam o que podem fazer para verem a santa cidade dos Inkas, mesmo que devam atravessar a America toda para atingir o seu objectivo.

Há várias possibilidades para subir à maior atração do Peru – uma delas chama-se Salkantay trek. Não se precisa de ter nenhuma autorização para fazer este caminho, nem guia local ao seu lado, nem carteira grande com dinheiro – o que não é tão óbvio no negócio lucrativo que se chama Machu Picchu. Aqui, felizmente, basta uma tenda, uma aclimatação para altitude e depois de 4–5 dias chega-se ás Aguas Calientes. 

Salkantay trek junta uma caminhada em condições de alta altitude (o ponto mais alto é Abra Salkantay, 4 640 msnm) com um passeio pela floresta tropical. Por isso não há necessidade de estar nos Andes por muito tempo para conhecer basicamente a especificidade desta cordilheira. 

Os portugueses aos olhos da Anita. Parte 2: Relaxa!

Escrito por 6.11.17
Quando fico nervosa e começo fazer uma tempestade num copo de água, quando todo o mundo me irrita por pouca razão, os portugueses não respondem à mesma irritação. Dizem só uma palavra: relaxa!

Apesar de morar na Polónia fria, ao lado dos ursos polares, esquimós; na Polónia cujas casas têm que ser equipadas com aquecimento por causa das geadas do século, sou muito mais impulsiva do que todos os portugueses que eu conheço. A sério! Talvez não conheça um grupo suficiente representativo da sociedade portuguesa, se calhar também não é tão difícil estar mais relaxado do que eu. Mas aos meus olhos em Portugal vive um povo muito relaxado. Muito mais do que em qualquer país da União Europeia. 

Devia dizer que isso é muito bom: menos stress é igual a ser mais saudável, feliz e tal. Devia. Contudo, quando se está a esperar por uma reação dinâmica, por uma explosão de gestões e palavras e vê-se em vez disso um oásis de paz, a primeira impressão é... uma grande surpresa. 


Um dos meus professores contou a história da sua juventude. Ele vivia entre dois bairros, cujos os seus habitantes não gostavam muito uns dos outros e os jovens tinham lutas frequentes lá. O professor abomina a luta, portanto jamais queria participar em nenhuma. Mas nem tudo pode ser evitado. Uma vez ele estava a ir à biblioteca, quando alguns inimigos de outro bairro apareceram.

Queres lutar? – perguntou um deles.

O professor respondeu sem pensar:
Está bem, podemos. Mas primeiro diz me quando ocorreu a batalha sob Chocim?

Inimigos foram embora.


Fiquei similarmente surpreendida, quando vi os portugueses relaxados a esperar horas por alguém atrasado (já escrevi sobre pontualidade aqui: link), a preparar comida sem pressão mesmo que estejam cheios de fome, a voltar para casa no meio da noite embora tenham que se levantar cedo ou tenham imenso trabalho para fazer, a não ter a certeza o que é que vai acontecer no próximo dia, a ter sempre tempo para conversar, beber café ou cerveja, para viver devagar. 

Relaxa! – esta é definitivamente uma das palavras mais frequentes que ouvi em Portugal.

13º postal - Acampamento

Escrito por 3.11.17

Grécia, o monte Olimpo, 2015 

O pior é o momento de levantar-se muito cedo, quando ainda está frio, às vezes escuro e a última coisa que se quer fazer é sair do saco de dormir. Deixar a “zona de conforto” para ficar confrontado com um ar demasiado fresco exige uma força de vontade muito forte, mas vale a pena fazer tanto esforço.

Gosto de dormir em hotéis – são tão bonitos, modernos. Têm água quente, mais instalações do que eu preciso, bom serviço e pequenos-almoços saborosos. Contudo quando tenho que fazer a escolha entre um hotel e uma tenda, a tenda quase sempre ganha. 

Acampamento é um dos sinônimos da liberdade. A liberdade cheira a natureza, a possibilidade de ficar por uma noite num lugar qualquer. O rio, do qual se tira água para cozinhar e para lavar os dentes. O amanhecer e o anoitecer. O vinho bebido de um copo de lata. O prazer sem necessidade de pagar por ela. São momentos raros numa vida cheia de obrigações. 

Por isso mesmo gosto de acampar.

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