Como aprender uma língua enquanto se viaja?

Escrito por 25.11.16

Diz-se que a melhor forma de se aprender uma língua é viajar. Uma estadia num outro país deixa aproximar-se das pessoas que falam nativamente língua que nos interessa. Porquê então tão pouca gente volta de Erasmus a conhecer uma língua nova (excepto inglês)? Porquê é que o mesmo acontece quando gastamos dinheiro para ter férias organizadas por alguma agência de viagens? 

A resposta é fácil: o mais importante não é uma viagem qualquer. O nosso sucesso linguístico depende da maneira de como passar o tempo no exterior. 

O que melhor funciona é andar à boleia – recomendo sem dúvidas, com experiência rica neste assunto. Mas os que preferem aproveitar a sua viagem mais calmamente têm que se lembrar do seguinte: 

Primeiro, não se pode fugir de contato com os nativos. Isso está certo? 
...Então porquê ainda faz compras num supermercado e não numa loja pequena, onde tem que fazer conversa com o vendedor? Não tenha medo de cometer os erros – até os melhores professores do mundo cometem-nos. Exponha-se nos outros e pratique falar.

Segundo, pare com falar todas as outras línguas que conhece. Ainda que isso exigiria ir para o estrangeiro sem companhia. Aliás, vai conhecer pessoas durante a sua viagem – e isso é sempre muito valioso.

Terceiro, passe todo o tempo a aprender. Concentre-se e faça o máximo possível para utilizar bem o seu tempo. Esse tipo de experiência é único. 

Voilà! Boas viagens!

3º postal - Entre as mudanças

Escrito por 21.11.16

Crimeia, agosto 2011

Lembro-me muito bem deste verão quando se começou a minha aventura a viajar à boleia. Os meus primeiros destinos foram Ucrânia, Roménia e Moldávia. Infelizmente na Crimeia a boleia não funcionava bem. Estávamos a esperar há horas por alguém que queria parar e levar-nos para outro lugar. Felizmente, os autocarros lá eram muito baratos – até para os estudantes da Polónia – então foi assim como nos passamos pela Crimeia.   

Nesta altura nem pensei que apenas três anos depois iria precisar do visa quando quiser entrar na Crimeia.   

Quando as coisas mudaram, reparei que elas não eram tão interessantes para mim se não tivesse visitado esta região antes. Tudo parece muito mais próximo quando se faz  parte disso, mesmo que apenas pela sua presença num lugar inicialmente desconhecido.  

2º postal - Dom Quixote de la Mancha

Escrito por 14.11.16

Chișinău, Agosto 2011 

Há pessoas que, ao andar numa rua qualquer, prestam atenção aos edifícios, às flores, aos cães... Há também pessoas que nunca prestam a sua atenção a nada porque estão sempre com pressa. Eu sou uma dessas que não pode passar por Dom Quixote sem parar. Especialmente quando encontro a imagem do Engenhoso Fidalgo acidentalmente na... Moldávia.   

Hoje em dia ele não teria uma vida fácil: quem gostaria de contratá-lo com o seu fraco sentido da realidade? Quem acreditaria facilmente nas boas intenções de alguém que corre com uma lança na mão pelo, supermercado , por exemplo?  Ele seria inútil até como artista ou ficaria o “artista de uma obra incompleta” – a necessidade de lutar com moinhos de vento sempre ganharia contra a vontade de finalizar qualquer trabalho.   

Mas, felizmente para nós, a leitura escrita por Cervantes está sempre atual: ambos para estes que gostam de entregar-se aos romances de cavalaria e para outro que preferem ler as paródias deles.

Como se motivar para aprender uma língua? As 6 maneiras

Escrito por 10.11.16

Não há milagres. Para se saber bem outra língua precisa-se de ter uma motivação inesgotável. E essa é a primeira coisa sem a qual todos os guias dedicados ao assunto do processo de aprendizagem, intitulados por exemplo X maneiras excelentes de aprender uma língua, são inúteis.   

A motivação: uma vontade que encoraja ou um esforço preciso. Um motor que nos ajuda a não parar este processo tão fascinante como cansativo. Abaixo vocês encontram 6 maneiras de se motivarem para aprender uma língua.    

1. Aposte com alguém  

Não existe nenhuma maneira mais eficiente de aprender do que a rivalidade. Quando tomamos a decisão de competir com alguém, todos os nossos instintos primitivos acordam no momento. Já sabemos que sem dúvidas somos NÓS que vamos a ganhar! Só precisamos de prová-lo. Por isso temos que dar o melhor de nós. Um objectivo é claro: caçar um mamute antes dos outros, trazê-lo para casa e ficar admirado por mulheres para sempre.   

Um exagero? Não, um mecanismo simples que funciona bem por milhares de anos. Aliás, conheço pessoalmente uma alemã que apostou com o colega dela – vai aprender polaco até saber esta língua realmente bem. O resultado? Agora ela fala polaco como poucos falam.   

E o que com essas pessoas que não precisam de tanta adrenalina? A boa solução para eles pode ser por exemplo... escrever um blog. Obrigar-se a ser sistemático com algo (que se gosta de fazer!) em frente de outros também dá uma grande motivação. Sei algo sobre isso.   

2. Case-se com estrangeiro ou estrangeira...  

...ou pelo menos namore com ele ou ela.   

Estatísticas dizem claramente: uma das maiores razões para se aprender uma língua é ter a vontade de se comunicar bem com o seu amado ou a sua amada.   

Contudo o que e fazer quando já se tem o seu príncipe ou a sua princesa que fala a mesma língua do que nós? Não, não se precisa de acabar com ele ou ela nem se divorciar. Pode-se, por exemplo, encontrar amigos estrangeiros e falar com eles, escrever-lhes  cartas: basta procurar. Onde? Na internet. Mas quando não se gosta desta forma de comunicação, é bom saber que nas cidades maiores muitas vezes existem os grupos que se encontram regularmente para falar outras línguas.   

3. Comece um curso na faculdade de letras  

É verdade, que cursos nas escolas de línguas dão muito prazer, mas muitas vezes também não são um grande desafio. Na universidade, ao contrário. Para ficar lá mais tempo precisa-se de lutar com as suas fraquezas, estudar todos os dias e passar muitos exames.  

Obrigação – essa é a próxima coisa que dá efeitos.   

Estou consciente que para vocês pareço ser uma pessoa muito infeliz, que tem na sua vida nada mais, nada menos do que só obrigações. Repito como se fosse um mantra: Obrigação é boa, obrigação é isso que precisamos, obrigação motiva-nos…   

Acreditem, eu sou feliz (olhem: nº 5 e 6)! Simplesmente julgo que uma vontade própria nem sempre é o suficiente. Mas quando está suportada pela necessidade – traz melhores resultados.   

4. Escolha um trabalho com a sua língua preferida  

Ao trabalhar com alguma língua deve-se ter a capacidade de perceber, falar, escrever, ou seja; precisa-se de saber bem esta língua.  

Não há diferença onde se trabalha: na sua cidade ou fora do país. Conheço muitas pessoas que vivem na Polónia há anos e nem pensam aprender polaco porque nas suas empresas falam inglês. Conheço também varias que trabalham com o polaco no estrangeiro e falam muito bem.  

Então: porque é que não se motivar para aprender uma língua para utilizá-la por motivos profissionais?

5. Pratique um hobby   

Não há diferença se se gosta de nadar, fazer decoupage, tocar piano ou fumar. A única coisa de que se precisa é a compreensão da possibilidade de praticar um hobby não apenas na língua materna.   

Claro que é melhor não falar no momento em que se nada, mas ler sobre a natação, ter uma conversa interessante com outros que gostam do mesmo desporto, ver os filmes com  sobre natação – já são as coisas que deixam elevar o nível de qualquer língua rapidamente e sem dor desnecessária.    

Enquanto praticar um hobby aparece um desejo de saber cada vez mais. Isso significa a seguinte: a boa motivação para aprender uma língua.  


6. Goste da língua que quer falar   

Ter uma vontade clara que é um único motivo de aprender e que é suficiente para se motivar: o mais difícil e o menos provável.   

Mas acontece. Neste caso tem-se tudo e não se precisa de mais nada.   


1º postal - via Beatrice Alighieri

Escrito por 7.11.16

Ravenna, março 2010 

Quantas vezes, ao visitar um lugar novo, prestas atenção aos nomes das ruas?  Lê-los e tentas imaginar qual foi a razão de utilizá-los neste sítio?    

Por um lado, o nome de Beatrice não é nada surpreendente em Ravenna – está lá onde se encontra o túmulo de Dante Alighieri, o pai do Renascimento. Por outro lado, a Beatrice, amada de Dante que o levava através do Paraíso na Divina Comédia, nunca se tivesse chamado Alighieri. Além disso, até hoje podemos só suspeitar do apelido verdadeiro do protótipo dela, mas não podemos ter a certeza de quem era a Beatrice ou se ela realmente existiu.   

Para os românticos e estes que gostam de literatura a rua de Beatrice Alighieri sem dúvida será uma boa inspiração.

Sou feliz, estou feliz. 2 verbos em português vs. 1 verbo em polaco

Escrito por 3.11.16

– Porquê?   

É a pergunta mais comum entre os meus alunos.   

– Porque é que tenho de construir milhões de formas de só um substantivo? Na minha língua não se precisa de fazer isso.  
– Porque é que vocês, polacos, usam tantas consoantes estranhas? É impossível dizer: «W Szczebrzeszynie chrząszcz brzmi w trzcinie!» 
– Porque é que o polaco é tão difícil? [não é!]  
– Porque é que...  

– Porque.   

Mas ninguém gosta de ouvir uma resposta assim. Nem eu. Embora já tenha aprendido que as vezes é melhor não saber (e isso aplica-se não só apenas à matéria linguística), como professora sinto-me feliz, sinto-me realizada por poder dar uma boa explicação do assunto.   

Por outro lado, entendo muito bem a sede do conhecimento e da compreensão. Ademais, sei que esta sede pode tornar-se duma simples curiosidade numa verdadeira maldição: porquê? de manhã, porquê? durante o dia, porquê? antes de dormir. Acreditem, é muito mais fácil viver sem fazer perguntas. Mas eu já não consigo.   

Então, talvez algum de vocês é capaz de dizer-me porque é que os portugueses usam dois verbos: ser e estar? Não as condições do uso – já as conheço. Até sei utilizar mais ou menos.   

Mas olhem. Em polaco Sou feliz é: Jestem szczęśliwa. E estou feliz também é: Jestem szczęśliwa. Não fazemos nenhuma distinção entre ser e estar. Para nós existe só um verbo utilizado num lugar dos dois verbos portugueses. Sou polaca. Estou cansada. Sou bêbada. Estou bêbada. Para mim é sempre o mesmo: jestem.  

Quando falámos outra língua o mais difícil é utilizar estes elementos ou estas estruturas que não existem no sistema da nossa língua materna.  

Então: porquê?   

Não me digam que não podem responder. 

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