5º postal - Um ouriço

Escrito por 20.12.16

Veliko Tǎrnovo, Bulgaria, setembro 2015 

Quem pensa que o tempo em setembro na Bulgaria está sempre maravilhoso – encontra-se errado. Veliko Tǎrnovo, uma das cidades mais bonitas deste país, estava a chorar quando lá entramos. E não era só lá: chovia por todos os dias de férias em todos os lugares. Não posso dizer que isso facilitaria a nossa viagem de bicicletas pela Bulgaria, mas pronto – má sorte acontece.  

Em Veliko Tǎrnovo encontrei um ouriço. Na muralha. Neste momento lembrei-me das crianças que me ensinaram que não se pode brincar com elas.  

Há muitos anos atrás. Nesta altura estava a ajudar a minha amiga cuidar de crianças durante o verão (num tipo de acampamento). Começamos a falar sobre os animais em inglês. Encorajei-os:  

– Digam-me, digam-me, qual é o nome de animal vocês querem aprender em inglês? – Tive a certeza que eles quereriam saber como se diz cão, gato, cavalo, vaca ou cabra. Mas não. Nada disso. 
– Diga-nos como é que nós podemos dizer ouriço? 
– Humm. Pensem bem. Não preferem vaca ou cabra? 
– Nããão. Só ouriço. 

Não sabia. A minha autoridade ficou destruída. 



As vantagens de estar grávida

Escrito por 13.12.16

Aqui estou: uma mistura de elefante (peso), caracol (velocidade) e boneco de neve (forma do corpo). Até recebi o típico chapéu que os bonecos de neve têm sempre nos desenhos animados. Falta apenas a cenoura em vez do nariz. Ou o tronco.  

Mas não está tão mal. Ainda consigo respirar bastante livremente, ainda não tenho dores tão grandes que durariam o dia inteiro (só metade do dia). As vezes também tenho fome!   

Posso facilmente multiplicar os exemplos do lado bom da gravidez:  

  • Estou cheia de energia três ou quatro horas por dia. 
    Nem sempre, mas em comparação ao início -  quatro horas é incrivelmente muito. Quase 17% do dia! 

  • Discussões? Ainda não existem. 
    Não é possível discutir com o bebé - ele ainda não consegue falar. Então quando ele me dá um pontapé, eu vou-me deitar ou dormir. O esquema é simples: é impossível que ambos estejamos muito vivos ao mesmo tempo: ou ele, ou eu. Ele fica com os restantes 83% da atividade diária. 

  • Todos os dias tornam-se numa surpresa grande!
    A situação muda-se dinamicamente: quando já começo a sentir-me acostumada a um desconforto, aparece outro. É difícil adivinhar o que vai chegar, especialmente quando as possibilidades não têm fim. Isso é melhor do que o euromilhões! Apesar de não ganhar, também não gasto dinheiro.  

  • Estou extremamente saudável.
    Durante toda a minha vida nunca fiz tantos exames médicos como tenho que fazer agora. Uma semana sem consulta médica ou sem escola de parto é uma semana perdida. Ultimamente tenho visto os meus amigos com menor frequência do que as enfermeiras da clínica de saúde.  

  • Não gasto dinheiro em roupa.
    Há meio ano que não compro uma única peça de roupa! Não vale a pena - cada dia estou mais gorda. Posso poupar dinheiro e gastá-lo nos puzzles, nas jóias ou, pelo menos, nas fraldinhas...

  • Estou muito mais sensível do que estava antigamente.
    Derramo lágrimas em média 3 vezes por dia. As razões podem ser variáveis: ao ver o céu azul, ao ver uma joaninha pequena andando pela janela, ao pensar sobre o facto de que o meu marido vai desfrutar do jantar que lhe vou preparar... Não é romântico?   

  • Tenho muito tempo para aproveitar da vida.
    Eu costumava correr regularmente por 10 km, andava de bicicleta nas montanhas de toda Europa, caminhava nas montanhas por 24 horas sem parar, trabalhava muito. Que chatice! Agora - durante as minhas 3-4 horas do dia - dou um passeio. Lentamente, passo a passo, a entrar em todas as casas de banho que encontro no caminho. Aproveito o sol, aproveito a vida. Não estou com pressa nenhuma porque não tenho força para me despachar.  


Pensem? Ser um elefante misturado com caracol e boneco de neve também pode ter vantagens. Em Fevereiro voltarei a estar em forma e todas as dores pequeninas começarão a estar nos problemas grandes de novo.  

4º postal - Vacas na névoa

Escrito por 5.12.16

Polónia, Beskid Żywiecki, 2009   

Garanto-vos que pelo menos uma vez na minha vida estava à frente do meu tempo!   

No ano 2009 o Facebook ainda não era tão popular na Polónia como é agora. Não me lembro de nenhuma “fan page” que seguia nessa altura. Mas com certeza não existia nenhuma que se chamaria Krowy we mgle (em português: Vacas na névoa). Hoje em dia existe e é um das minhas favoritas, especialmente porque não só mostra as vacas na névoa, mas também por outra razão: pelos fragmentos de canções, giros e muito adequados para todas as situações apresentadas nas fotografias. Estes fragmentos são sempre adicionados aos posts.  

Ainda não sabem, mas do que eu mais gosto é do absurdo. E assim vacas na névoa, assinadas pelos textos nostálgicos, encaixam-se perfeitamente no meu sentido de humor. Portanto eu fui a primeira pessoa a tirar a fotografia duma vaca na névoa e depois a “fan page” sob este título foi formada!

Com tecnologia do Blogger.