Os portugueses aos olhos da Anita. Parte 1: pontualidade

Escrito por 10.10.17
O que é que podia fazer ao esperar por alguém que está atrasado? 
A. Olhar para frente e observar as pessoas a andar. 
B. Ouvir as conversações dos outros.
C. Ler um livro / brincar com smartphone. 
D. Nada.

O que é que eu normalmente faço?
E. Estou a olhar nervosamente para o relógio e fico mais nervosa com cada minuto que passa. As 10.00 são 10.00, não 10.15, 10.30 ou 12.00. 

Um mês em Portugal mudou muito esta perspetiva. 

A primeira coisa que aprendi lá era que – em geral – combina-se uma hora de encontro só porque existe o conceito de tempo e a terminologia para o explicar e especificar. Então: se eles existe, não custa nada utilizá-lo, pois não? O que é importante, às vezes pode ser até útil, por exemplo para precisar mais ou menos em que período do dia um encontro pode acontecer. Combinamos às 16.00? Ótimo! Isso significa que provavelmente vamos encontrar-nos a uma hora qualquer depois das 16.00, provavelmente não antes das 17.00. Mas talvez também não depois das 20.00. É fácil, não é? 


No início a minha cabeça limitada por contar o tempo com segundos não podia concordar com esta confusão, esta falta de ordem. Ou seja: a impaciência que me fez muito irritada não me deixava de tentar entendê-la (já escrevi sobre impaciência: link). Como é possível estar sempre atrasado e sempre bem disposto ao mesmo tempo? E nunca pedir desculpas pelo atraso? Contudo, apesar de não gostar nada disso, rapidamente percebi que para o meu bem tenho que me adaptar a isso. Se o mundo não se vai mudar para mim, sou eu que tenho de me acostumar a ele. Logo então comprei alguns livros, comecei vir aos encontros atrasada por meia hora e o tempo que ainda faltava para a chegada dos amigos  passava a ler. 

Toda a percepção de tempo em Portugal, que eu conheci, em geral parece diferente do que na Polónia. Há o tempo, mas os limites dele são muito mais... flexíveis. Não se o conta tão restritivamente, com tanta pressão. Quando a festa em Portugal começa, na Polónia acaba. Especialmente no meio da semana, no meio do inverno (os estudantes são uma exceção). Todos têm o tempo mesmo que ninguém o conte. Ou não contar significa simplesmente ter.
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