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10º postal - Campo de’ Fiori
Roma, dezembro 2015
Justamente aqui, nesta praça,
Foi queimado Giordano Bruno.
O carrasco acendeu a fogueira
No meio da gente curiosa.
E mal o lume se apagou,
Tornaram a encher-se as tabernas,
Os cabazes de limões e azeitonas
De novo à cabeça dos feirantes.
(Campo di Fiori. Tradução
em: Alguns gostam de poesia.
Czesław Miłosz i Wisława Szymborska. Antologia. Lisboa 2004)
Sabia que quando chegar a Roma, certamente visitarei o Campo de´ Fiori. Para os polacos é uma praça conhecida não só pelo incidente, que ocorreu no ano 1600 (Giordano Bruno foi lá queimado por “heresias” que pregava – por exemplo por confiar em Nicolau Copérnico, que a Terra gira em torno do Sol).
Campo de´ Fiori foi também mencionado num dos poemas mais famosos escritos por Czesław Miłosz, o escritor polaco de 1980 ano. O poeta na sua obra compara duas situações semelhantes: uma de século XVII em Roma com outra de ano 1943. Neste ano tinha lugar o levante do Gueto de Varsóvia, cujos resultados eram liquidação do gueto e o assassinato de seus 56000 habitantes judeus. O esquema era igual: aqueles que não sofriam não pagavam a atenção mínima para aqueles que sofriam errado.
Quando se sabe o poema Campo di Fiori, o monumento de Giordano Bruno em Roma assume um novo significado.
*** O artigo interessante sobre Czesław Miłosz na tradução luso-brasileira podem encontrar aqui (link).
E o outro, em polaco, é uma entrevista com Czesław Miłosz e Marek Edelman (o doutor judeus que sobreviveu o levante) sobre insensibilidade durante a guerra aqui (link) (p. 4).
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