Os números: português vs. polaco

Sabem qual é a melhor forma para se aprender os números? Ir ao estrangeiro e ter uma obrigação de fazer compras no mercado. Ou numa loja pequena onde não há oportunidade para evitar a conversa com o vendedor. Um verdadeiro paraíso começa nos países onde se pode negociar o preço. Por exemplo na Turquia. Viajar à boleia por cinco semanas por todas as regiões deste país foi uma ótima escola não só da cultura e das tradições turcas, mas também da língua (não pensem que falo turco – aprendi só 50-60 palavras, mas eram suficientes para não me perder lá; e fazer as conversas: embora limitadas, eram muito interessantes).   

Claro que, tudo é possível, assim como comunicar sem palavras apenas com os gestos e mímica, mas o conhecimento das palavras às vezes simplesmente facilita tudo. Não sei como é com vocês, mas eu aprecio muito o sentido de conseguir sobreviver numa outra parte do mundo. E contar na língua estrangeira é uma dessas superpowers que me permitem sentir confiante pelo menos a comprar algumas frutas ou lembranças num mercado.   

Talvez seja uma vergonha, mas a contar bem em português e saber dizer quinze sem repetir sempre: “onze, doze, treze, catorze, quinze (!)” na minha cabeça aprendi só este ano. Não era em Portugal. Era na… Bolivia. Eu sei, eu sei – o português NÃO É espanhol, mas têm de admitir que os números nestas duas línguas são parecidos. Também o russo está mais distante do polaco do que maioria do mundo pensa, mas sem dúvida a razão pela qual nós, polacos, não temos nenhum problema de contar em russo é que os números são muito semelhantes uns aos outros.   

Em Portugal faço as compras normalmente no Pingo Doce, Lidl, Continente. Então, nunca tive nenhuma necessidade de aprendê-los bem. Na Bolivia não havia outra solução – para não ficar logo sem dinheiro assim que chegámos lá, tive de usar os números fluentemente, negociar os preços e parecer como se o espanhol fosse a minha segunda língua, após o polaco. Graças ao conhecimento do português fui capaz fazer as conversas em espanhol – se calhar não muito finas, mas suficientes para não deixar alguém enganar-me.    


A minha primeira aula do português. E vossa do polaco  

Os números encontrei pela primeira vez na minha primeira aula de português. Lembro-me disso como se fosse ontem. Na verdade foi há muito tempo atrás – já vos disse que ser sistemática é o oposto da minha natureza, portanto esta aprendizagem prolonga-se há muitos anos. Em comparação ao polaco não é nada difícil em contar em português. Só se precisa de memorizar tudo. E pronto. Está feito. Até as diferenças entre os géneros, tais como um, dois no masculino e uma, duas no feminino, são um grande prazer para os quais aprendem ou falam língua polaca. A sério: os números são das coisas mais loucas em polaco. Nem sempre os próprios polacos conseguem utilizá-los corretamente.

Por exemplo em polaco temos cinco 2 básicos. São as formas: dwa, dwaj, dwóch, dwie, dwoje utilizadas só no caso que se chama «nominativo» (os casos existiam no latim). Dizemos:

  • dwa psy (dois cães – utilizamos para tudo o que é da forma neutra ou masculina e simultaneamente não é um homem);
  • dwaj mężczyźni (dois homens – utilizamos para a forma masculina, além disso que significa um homem);
  • dwóch mężczyzn (também dois homens, mas aqui a forma dwóch é outro caso, o «dativo»; semanticamente são iguais, muda-se “apenas” a estrutura da frase);
  • dwie kobiety (duas mulheres);
  • dwoje ludzi (duas pessoas que pode significar: um par masculino-feminino, criaturas imaturas como crianças ou os substantivos que têm só plural).

Estes são os básicos. Depois começa-se a declinação verdadeira: sete casos – as sete formas diferentes para cada da forma mostrada lá em cima – que utilizamos dependendo do contexto. E é apenas um numero: dois. O resto é...

...não. Não vou mostrar-vos o resto porque queria ter alguns seguidores do meu blog.


2 comentários:

  1. Olá Anita...! Continua a dar cartas em português!
    Achei piada à "publicidade" ao Pingo Doce, Continente e Lidl!
    Quanto à contar em polaco!!! Pois é... Se nem os próprios tem facilidade, imagina eu!
    Boas aulas!
    Cumprimentos de uma portuguesa. 😘

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá!
      Só os números são tão difíceis - a conjugação, por exemplo, é muito mais complicada em português.

      Cumprimentos!

      PS
      Até não reparei que faço qualquer publicidade... ;)

      Eliminar

Com tecnologia do Blogger.