O inverno em Portugal e na Polónia

Não por acaso esta época do ano chama-se «Inverno». A similaridade com «o inferno» é obvia. E não por causa da temperatura. Não, não, não. Quem vive na Polónia, sabe bem que neste país durante o inverno a última coisa que se pode esperar é o calor tropical. Aliás, em Portugal também. No entanto, o inferno pode significar mais do que só temperatura alta. O inferno começa na cabeça enquanto o inverno está a chegar.  

Tanto em Portugal como na Polónia passar o inverno não é nada fixe. É tão ruim e tão ruim. Em qualquer lugar que estejas, deves lembrar da tua fragilidade que aparece – num instante – em contacto com o frio. A única diferença entre estes dois países é que passar o inverno em Portugal é mais fácil fora e na Polónia – em casa. 

Já chegou. Está a nevar na Polónia. Flocos de neve caem com alegria cobrindo a terra com uma colcha branca. E sim, tenho que admitir que isso parece bonito – até ficar em casa e não precisar sair dela. Infelizmente, ficar em casa com o bebé de nove meses de idade que tem sempre as baterias carregadas e sem parar quer subir a tudo também não é nada fácil. Então saímos. 


Começo a vestir-me quatro camadas de roupa. Enquanto faço isso tento vestir simultaneamente o meu filho. Ele chora. Eu tento alimenta-lo. Ele chora – não está com fome. Simplesmente não gosta de se vestir. Nem gosto eu. Ele chora mais alto. Visto a quarta camada da minha roupa. Volto a vesti-lo. Ele chora. Começo chorar e eu. O suor está a escorrer pelo meu nariz. Ainda o casaco dele. E luvas. E sapatos dele. E os meus sapatos. Choramos ambos... Finalmente está tudo feito. Depois 50 minutos de preparações estamos prontos. Lá fora o vento frio faz-me lembrar que estou suada e que logo posso ficar constipada. Corro um risco.

Com calma. Sem miúdos não é nada melhor. Apesar de que vestir só dura 10–15 minutos, o vento sopra na mesma maneira. A rua está igualmente escorregadia. Além disso, tráfego nas estradas está paralisado, mãos congelam em 30 segundos, o sol se põe às 15.00 e a única coisa sobre o que se sonha é adormecer em um sono de inverno numa casa quente. 

Ao contrário em Portugal. Lá durante o inverno não existe até o conceito da “casa quente”, muito menos a casa quente materializada. Já sei que para não congelar durante a noite em casa portuguesa deve-se ou ter um saco-cama de penas ou conhecer bem a técnica de se envolver firmemente em cinco cobertores. Não me sinto muito convencida com a ideia não ter nem metade de um aquecedor só porque o inverno em Portugal dura menos do que, por exemplo, na Polónia. Ou porque é menos suave: isso não é verdade. Em Portugal humidade é maior, o que de fato faz que muitas vezes senti-me lá como estivesse no frigorífico. Congelar na sua própria casa é uma forma de se mortificar, definitivamente.

Então – o que escolho? O verão.





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